...A cena foi, cada vez mais me tomando, os instantes passavam e ela recitava o poema, com feições que mudavam, interpretando o que estava sendo lido, podia eu suspeitar que ele fora escrito de seu próprio punho de tão seu que demonstrava ser, seu corpo se estremecia a cada palavra declamada suavemente por seus lábios, lábios esses que não sugavam somente minha atenção, mas, a de um rapaz no fundo da sala que se deixava mostrar amor não somente pelos lábios rosados, mas, também se mantinha hipinotizado pelas palavras deflagradas por ela.
Uma nova cena se desenhava, essa agora me passava de protagonista para somente figurante (observadora). Podia eu sentir o que o rapaz transmitia na sala, pois, ele não fazia nenhum esforço para esconder sua contemplação por ela, seus desejos mais intimos foram se desenhando no movimento de seu corpo sobre a carteira e sua feição pendurada por sua mão.
Em instantes da distração do rapaz fui descoberta, ele olhou pra mim com o ar de mistério, a procura da descoberta que fiz sobre ele, e nós fitamos como alguém que olha uma pedra preciosa, e então o que era uma contemplação distraida foi nós tornando dois amantes da observação, ele lia meus pensamentos e eu lia os dele, aos poucos fui percebedo como o seu olhar se contorcia ao meu, o que não durou muito tempo, pois, seu medo e sua fraqueza o fez volta ao alvo principal, a ouvir as últimas linhas de um poema desconhecido e mal entendido por que sua distração o fez me conhecer em pleno ato de observação.
Logo depois fomos todos dispensados da sala, todos com sua nova experiência quente ainda na mente, ela com a esperança do belo poema gravado em sua mente, ele com angustia por ser descoberto em sua distração, e eu na esperança de amanhã descobrir mais sobre aquele rapaz do fundo da sala.
naytí melo
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